quarta-feira, 21 de março de 2012

Lagartinha Coração de Borboleta


Lagartinha coração de borboleta, ignorada por todos por deslizar na terra debaixo dos pés de quem cegou por já não ser criança. Sonhas com o dia em que te verão o coração de borboleta pela sua imagem que esconde a essência. O dia em que voarás ao nível dos olhos de quem não vê. Em que serás modelo de Arte nas mãos de poetas, pintores e cantores. Largartinha coração de borboleta, não sou poeta, nem pintor, nem cantor, mas sou um pouco de todos juntos. E de mim. E é isso que faz com que olhe para ti como olho para uma borboleta. Voas ao nível dos olhos de quem sabe olhar. És Arte em vez de amor à primeira e única vista. Só a Arte nos faz olhar uma segunda vez à procura de algo mais. Olho duas vezes, julgando ter visto tudo, mas esconde-se um infinito. É por isso que levo comigo o teu coração de borboleta, o teu infinito. Lagartinha coração de borboleta, é assim que eu te amo e (a) mais ninguém!

Miguel Cruz
20Março2012

P. S. - Bem-vinda, Primavera!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Velha Amiga


Quando nasci, peguei na tua mão e nunca mais a larguei. Em ti há sorrisos, olhos brilhantes, inocência, ingenuidade e nada que possa lembrar a maldade que existe quando as pessoas te largam. Às vezes dou por mim a afastar-me de ti e é nessas alturas que fico mais vazio. De vez em quando olho para os brinquedos e peluches com que convivi enquanto estive numa relação mais próxima contigo. Sinto borboletas, calor, até mesmo arrepios, só de me lembrar do quão feliz eu era contigo. Mas vivo agora longe de ti, num caminho que me fizeram escolher. Ou eras tu comigo, um sorriso eterno até à breve morte, ou era largar-te para poder seguir um rumo que me desenha rugas na testa e me leva a uma vida mais duradoura... mas menos feliz. A vida levou-me a escolher o caminho mais duradouro, porque, com ele, eu tenho mais tempo para descobrir o mundo. Mas és a minha melhor amiga e, mesmo que não esteja com a minha mão na tua como estava antes, podes sempre contar comigo para no final do dia eu passar um pouco de tempo contigo e relatar-te o meu dia. Talvez assim dês um pouco do teu sorriso, do teu brilho nos olhos, da tua inocência e da tua ingenuidade para eu conseguir encarar a dura realidade de um modo mais suave. Tal como fizeste comigo há muitos anos e durante tantos anos...
Estas palavras são para ti, Infância!
Obrigado por tudo,
Teu Miguel Cruz,
12Março2012