sexta-feira, 4 de abril de 2014

Mundo Lá Fora


Há um mundo lá fora que quero conhecer. Um mundo fora de mim e de ti. Há um mundo lá fora que não faz parte do meu pequeno ser. Quero ser maior e fazer com que ele faça parte de mim. Viver no meu mundo sem olhar para lá do meu horizonte, reconhecer o que já conheço, faz com que eu não me conheça, mas sim ao preconceito que tenho de mim e à imagem que fui criando de mim para mim. Fechar-te cá dentro para me reconheceres e voltares a pintar o meu retrato com as mesmas cores, seria fazer-te viver comigo o mesmo pedaço de tempo durante uma vida inteira. Sim, eu amo esse pedaço de tempo, tenho um amor ardente por ele dentro de mim. Sinto-me constantemente tentado a vivê-lo mais e mais uma vez. Mas o mundo lá fora ensinou-me uma coisa. Só amas de verdade quando aprendes a ver sempre de forma diferente o que estás sempre a ver. E no fim aprendes a amar cada diferente perspectiva que tens da vida. Só assim enches o teu pequeno ser e o transformas no grande mundo lá fora.

Miguel Cruz
29Março2014

Só de Passagem


Estamos só de passagem...
Vagueamos, procuramos e às vezes ficamos, mas estamos sempre de passagem. Há coisas que levamos connosco, outras que se fixam num ponto cronológico da nossa história e lá ficam. Prontas a despertar mais um sentimento por vezes esquecido. Saudade essa que está sempre de passagem. Cada canção que passa, cada história contada ou vivida, cada pessoa que aparece. De passagem pela vida, mantém-se um desafio. Estar de passagem pelos caminhos certos e levar connosco o que está certo para nós.
Embora às vezes pareça que estamos só de passagem, que aparecemos e desaparecemos, levamos connosco coisas que achamos terem-se fixado nos tais pontos cronológicos. Pode ser apenas uma história ou uma memória, mas se for algo que estamos a viver, é algo que está de passagem connosco.
Mas estamos sempre... sempre só de passagem...

Miguel Cruz
16Março2014


Fotografia: Miguel Cruz
Estação de São Bento, Porto
7Fevereiro2014

sábado, 29 de março de 2014

Narrativas


Tentei um dia ser autor da minha própria narrativa.
Tentei pegar num lápis e escrever a minha história.
Então chegava outro autor de sua narrativa e tudo se misturava.
Pelo meio de rabiscos e rascunhos surgia a barafunda.
Tentei, juro que sim, desprender-me desses riscos ou cordas que me amarravam ao papel.
Mas havia uma força, sentimentos cruzados que se julgavam certos.
Barafundas, tentei fugir delas e escrever eu uma história com princípio, meio e fim.
Não deu.
Riram-se de mim os mais vividos.
Riram-se de mim por eu ter tentado.
Por eu acreditar no que as crianças acreditam.
Podiam essas crianças ensinar-me como escrevem a sua história.
Sempre por meio de desenhos e cores.
Histórias bonitas e controladas.
Tentei ser criança e ainda acabei mais adulto.
Mais triste.

Miguel Cruz
10Março2014

sábado, 22 de setembro de 2012

Incerto



Hoje pareces agreste, Mar.

Talvez seja melhor eu aguardar a tua calma. Talvez seja melhor ver-te explodir nas rochas, ficando ao longe a sentir a brisa das tuas ondas, apenas.
Grito. Palavras minhas esvaziam-se na tua imensidão. Mas grito. Desejo a calma e o sossego tanto como tu. E nessa tentativa, sopro contra todos os ventos que nos confrontam. Levanto apenas meia dúzia de grãos de areia.
Mas fico e lembro-me que todos os ventos são passageiros. Aproveito a lembrança para sentir a frescura dos teus cabelos soltos nos meus pés. Como quem me puxa.
Dispo-me, então. A mesma imensidão que sugou minhas palavras, puxa-me agora a mim. Corro para ti, mergulho em ti e afogo-me em ti.
Como algas, as palavras perdidas prendem-me o pé. Grito-as de novo, sem cessar. Tento nadar contra as ondas ferozes. Sinto a violência de uma tempestade, enquanto subo e desço, procurando o ritmo da arritmia. Luto pela salvação de quem me afoga, mais do que pelo ar que me falta.
Por fim, encontrando o ritmo, toda a tempestade se mostra numa dança. Deixo-me levar, passo por passo, caminhando para a miragem enformando a calmaria.
Lá em cima as nuvens desvendam um Sol longínquo. Logo a espuma desaparece com as suas ondas. Logo os brilhos faíscam espalhados nos teus suaves movimentos. Mergulhado em ti, apenas me deito na superfície, respirando. Respirando enquanto ouço a tua respiração e adormecendo no leito de areia em que me deixaste.
Agora os cabelos soltos acariciam-me longamente os pés.
Hoje pareces um espelho, Mar. Olha.
Olha com atenção. Vê como és belo!

Miguel Cruz

13Setembro2012
(P.)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

"Perguntaram-me (Por Ti)" com Jessica Neves


Perguntaram-me por onde andava
Vi-me passeando pelo meio do Nada,
Com o olhar de cima a baixo te tocava
Eras tudo! Encontrava-me enfeitiçada…

Com o vento me lembrando d’existir
Soprando-me os cabelos e o Ser
Agarrei-te p’ra não deixar fugir
Os versos que tinha p’ra te dizer…

Perguntaram-me por quem suspirava
Contemplando-te, na perfeita miragem
Correndo para ti, teu sorriso me beijava
Meus lábios pelo teu corpo faziam viagem…

Contornando o início de Tudo e Nada
Poisava levemente em teu peito
Meu rosto branco gélido, d’almofada
Sussurrando-te este amor (im)perfeito…


Miguel Cruz
Jessica Neves

7Julho2012



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Take Me From Here


I feel like a rock...
The whole Sea is pushing me,
But I can't move on,
I can't move on...

Come to me...
Take my hand and take me from here!
You're the only one who can take me from here,
Like a fragile bird that can fly against the wind...

And you know how to make me fly,
You made me find my world!
And it feels right when the Sun shines,
Cause it makes me see your smile,

Even when it's dark,
You can take me from here!
Even when everything seems so hard,
You can take me from here!

Like a fragile bird that can fly against the wind,
You can take me from here...
You can take me from here...

Miguel Cruz
22Abril2012

quarta-feira, 21 de março de 2012

Lagartinha Coração de Borboleta


Lagartinha coração de borboleta, ignorada por todos por deslizar na terra debaixo dos pés de quem cegou por já não ser criança. Sonhas com o dia em que te verão o coração de borboleta pela sua imagem que esconde a essência. O dia em que voarás ao nível dos olhos de quem não vê. Em que serás modelo de Arte nas mãos de poetas, pintores e cantores. Largartinha coração de borboleta, não sou poeta, nem pintor, nem cantor, mas sou um pouco de todos juntos. E de mim. E é isso que faz com que olhe para ti como olho para uma borboleta. Voas ao nível dos olhos de quem sabe olhar. És Arte em vez de amor à primeira e única vista. Só a Arte nos faz olhar uma segunda vez à procura de algo mais. Olho duas vezes, julgando ter visto tudo, mas esconde-se um infinito. É por isso que levo comigo o teu coração de borboleta, o teu infinito. Lagartinha coração de borboleta, é assim que eu te amo e (a) mais ninguém!

Miguel Cruz
20Março2012

P. S. - Bem-vinda, Primavera!