segunda-feira, 12 de março de 2012

Velha Amiga


Quando nasci, peguei na tua mão e nunca mais a larguei. Em ti há sorrisos, olhos brilhantes, inocência, ingenuidade e nada que possa lembrar a maldade que existe quando as pessoas te largam. Às vezes dou por mim a afastar-me de ti e é nessas alturas que fico mais vazio. De vez em quando olho para os brinquedos e peluches com que convivi enquanto estive numa relação mais próxima contigo. Sinto borboletas, calor, até mesmo arrepios, só de me lembrar do quão feliz eu era contigo. Mas vivo agora longe de ti, num caminho que me fizeram escolher. Ou eras tu comigo, um sorriso eterno até à breve morte, ou era largar-te para poder seguir um rumo que me desenha rugas na testa e me leva a uma vida mais duradoura... mas menos feliz. A vida levou-me a escolher o caminho mais duradouro, porque, com ele, eu tenho mais tempo para descobrir o mundo. Mas és a minha melhor amiga e, mesmo que não esteja com a minha mão na tua como estava antes, podes sempre contar comigo para no final do dia eu passar um pouco de tempo contigo e relatar-te o meu dia. Talvez assim dês um pouco do teu sorriso, do teu brilho nos olhos, da tua inocência e da tua ingenuidade para eu conseguir encarar a dura realidade de um modo mais suave. Tal como fizeste comigo há muitos anos e durante tantos anos...
Estas palavras são para ti, Infância!
Obrigado por tudo,
Teu Miguel Cruz,
12Março2012

1 comentário:

Inês disse...

Todos os teus textos são uma delícia! Adoro a forma com abordas as coisas, faz-me ver as coisas de forma diferente e mais doce!!
beijinho*