segunda-feira, 21 de julho de 2008

Vida Perdida

Uma Pétala despedia-se da sua Flor. Voava para longe, para longe daquele lugar ignorado, rodeado por relva brilhante e onde a sua Flor era única.
Começou a ganhar confiança com o Vento e sempre a dançar agarrada a ele.
Muitas Árvores atravessavam-se na pista de dança dos dois bailarinos. No entanto, o Vento fazia-a esquivar-se angelicamente. Afinal é sempre o homem que guia a dança!
Meses fugiam completando anos e lá ia a Pétala embalada… Delicada, em forma de lágrima. Uma cor nunca vista por olho algum.
E lá ia a Pétala deixando-se dominar pelo seu amado. Ia ao sabor doce e salgado, amargo e azedo, áspero e suave do Vento…
Um Rio deitado de cabeça no leito do Mar, pés assentes nas Montanhas, cuidava dos seus Afluentes com carinho filial.
A Pétala pediu descanso ao Vento e poisou naquele espelho, observando cada uma das suas feições com uma curiosidade imensa.
Não sabia o que fazer da vida… Tinha-se rendido ao prazer que o Vento lhe dera durante anos. Já se tinha perdido na vida e já não havia maneira de recuperar…
O Vento tinha fugido e lá estava a pequena Pétala abandonada, triste, perdida! Perdida… Aprendeu muita coisa, mas tarde demais!
“O prazer chega depois do árduo trabalho. É preciso procurar o prazer do trabalho para ganharmos força para chegar ao verdadeiro prazer!” dizia teimosa a consciência da nossa Pétala…
Tudo se tornou escuro, tudo se tornou triste, tudo se tornou perdido e a Pétala procurava nos seus pensamentos algo que a consolasse antes que o Fim lhe desse o começo duma nova vida, que lhe sorria!


Miguel Cruz

23 de Março de 2008




Dedico este texto a uma das pessoas mais
especiais que conheci até hoje!
Obrigado, Janinha!

Sem comentários: